Uma das coisas que mais me chamaram a atenção em toda esta operação das forças de segurança no Rio de Janeiro nos Complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro foi o grande número de motos roubadas que foram apreendidas. Ao todo, até agora, a contagem passa de 300 motos. Cerca de 60 delas foram queimadas e outra 260 foram encontradas jogadas no chão. Algumas dessas motos foram colocadas como obstáculos à subida de veículos blindados como o caveirão, por exemplo, e foram totalmente destruídas pelos blindados da Marinha do Brasil.
As fotos mostram a enorme quantidade de motos roubadas que estavam a serviço do tráfico e que apenas circulavam nos complexos. Como a polícia não tinha total acesso ao local, lá era o paraíso. Havia motos de todo tipo de cilindrada. Consegui identificar algumas com cilindrada superior a 1000cc. O pior de tudo era que mesmo com rastreadores instalados, se a moto estava nestes complexos nem a polícia e nem ninguém ia lá buscar. Quem seria o doido?
A tomada deste dois complexos vai fazer com que, pelo menos no Rio de Janeiro, o roubo de motos caia um pouco mais. Muitos donos de
motos roubadas e algumas seguradoras vão ficar menos infelizes ao poderem recuperar o bem se a moto não estiver entre as que foram roubadas. Uma das motos largadas pelos traficantes estava ainda com a placa original. Fui pesquisar e encontrei que a moto que estava no chão, na Vila Cruzeiro, havia sido roubada em Angra dos Reis e estava com o emplacamento atrasado desde 2008. Ou seja: há dois anos que esta moto rodava pela Vila Cruzeiro.
Mas para onde vão as motos roubadas?
A maioria das motos roubadas segue três caminhos possíveis:
Desmanche – São imediatamente desmanchadas e as peças vendidas ou trocadas por droga e armas. A troca de motos por droga acontece principalmente nas regiões de fronteira do Brasil com Paraguay, Bolívia e Venezuela. Nestes lugares as motos também podem ser trocadas por armas. A venda das peças de motos desmanchadas é feita para lojas de interceptação ou para ferros-velhos.
Transplante – As motos são transplantadas integralmente para um novo quadro. Acontece principalmente com motos de maior cilindrada. Neste caso a moto roubada é totalmente desmanchada e as suas peças colocadas em outro quadro. Isso, na maioria das vezes, ocorre quando alguém sofre um acidente de moto e não tem o dinheiro suficiente para consertar, então a melhor forma é roubar outra igual, de mesmo ano e modelo para realizar o transplante. O quadro é jogado fora e a moto nunca mais é encontrada.
Descaso e corrupção de autoridades – As motos são utilizadas em cidades do interior ou locais de restrita circulação – como os Complexos do Alemão e da Vila Cruzeiro, por exemplo. Como não existe fiscalização no interior, principalmente no Nordeste, Norte e uma boa parte do Centro-Oeste, tal situação passa despercebida ou fica ao desleixo. Existem ainda os casos de motos roubadas e transformadas em motos de trilha, sem placa, para poderem ser usadas neste tipo de esporte. Já soube de situações, em São Paulo, onde um grupo de motociclistas offroad foi abordado na trilha e todas as motos e equipamentos foram roubados. Deixaram os caras simplesmente de calças. Em outra situação os chassis são adulterados e a documentação esquentada para que a moto circule sem o menor problema, da mesma forma que uma moto legalizada ou são utilizada a serviço do tráfico de drogas – seja como ferramenta ou como moeda de troca.
Outro dado assustador está relacionado ao tempo no qual uma moto leva para ser completamente desmanchada. O tempo decorrido entre o roubo e o desmanche total de uma moto de baixa cilindrada não passa de 40 minutos. Dependendo da organização da quadrilha as peças estarão preparadas e embaladas para poderem chegar ao interceptador em até duas horas desde o momento do roubo. Vale destacar que o que foi apreendido na operação das forças de segurança no Rio de Janeiro representam a quantidade de motos roubadas em São Paulo em apenas 3 dias.
Uma coisa ficou constatada: pela própria topografia do lugar, as motos são os veículos preferidos para roubo por parte dos traficantes. O pior é saber que podemos prever com grande certeza que cerca de 5% das motos fabricadas anualmente no Brasil serão roubadas. Um prejuízo de mais de meio bilhão de reais.
Durante as buscas no Complexo do Alemão, policiais do Bope e agentes da Polícia Federal se depararam com um desmanche de veículos. A oficina foi encontrada por volta das 11h de domingo, perto da rua Canitá. No local, porém, o que mais chamou a atenção foi uma moto Suzuki GSX 1300 R, que seria do traficante Fabiano Atanásio da Silva, o FB. Avaliada em cerca de R$ 60 mil, a luxuosa GSX 1300 R é considerada moto comercial mais rápida do mundo, sendo capaz de ultrapassar os 300 km/h. Junto com a moto, a polícia encontrou motores e outros tipos de peças.
O descaso no Rio é total em vez de recolher as motos para reintegração de posse a quem teve a moto roubada eles terminam de fude a motoca kkk,eu que não vou para la gastar meu dinheirinho.
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